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Este é o blog de Rafael Costa. Aqui você encontrará meus desenhos, charges, quadrinhos, textos, etc. Tendo como temática principal a violência do estado, podendo variar em alguns momentos. Se você for amigo ou amiga, deixe-me um recado no mural. Sua opinião é importante. Ou escreva para ventodeliberdade@gmail.com.Também indico a navegação pelos meus links de blogs, são ótimas dicas. Obrigado.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"TRAILER" DE MAIS QUE PALAVRAS

Curtam aí o trailer de "Mais que palavras". Meu amigo Tharcus me ajudou a fazer. Aguardem a publicação da minha HQ!

sábado, 27 de junho de 2009

EL ETERNAUTA


Uso este espaço mais uma vez com um objetivo diferente do proposto incialmente (denúncia gráfica a violência estatal-policialesca). Agora, gostaria de dissertar sobre uma obra de História em Quadrinhos (HQ's) argentina, intitulada “El Eternauta”, a qual, de certa maneira, veremos que não deixa de relacionar-se com o tema abordado neste blog.
“El Eternauta” é uma obra que, infelizmente, segue desconhecida do público brasileiro em geral, mesmo daquele que mais se interessa por HQ's. Por alguma razão estranha ou não, nos chega mais facilmente a produção estadounidense e européia. Conhecemos muito bem autores como Alan Moore, Neil Gaiman, Frank Miller, etc. Cujos nomes representam muito para a arte sequencial mundial, porém não mais que figuras como Hector Germań Oesterheld (HGO) e Francisco Solano Lopez, respectivamente o roterisita e o desenhista do trabalho que trago aqui para o debate.
Tive contato com “El Eternauta” na última viagem que fiz para a Argentina, onde esta HQ é muito cultuada, tratando-se de um clássico. A edição que tenho em meu poder é uma comemoração de 50 anos do lançamento desta obra (1957-2007). Bom, sobre o que trata afinal de contas esse trabalho? É uma obra de ficção-científica que relata uma invasão alienígena na Terra, tendo como cenário a cidade de Buenos Aires. A narrativa traz várias referências a conjuntura internacional. Os grandes líderes da invasão são os alienígenas conhecidos apenas por “Ellos” (Eles), cujas aparências não são reveladas na história e sob cujo comando estão todas as outras formas alienígenas, inclusive alguns terráqueos. Todos são manipulados pelos “Ellos” através de “teledirecionadores” (tradução minha). Na história, os terráqueos que fazem a resistência descobriram esses aparatos de manipulação e tentavam atacá-los.
É quase impossível ler a história e não relacioná-la com a realidade em que vivemos. Quem é miltante ou ativista político sempre está atrás de explicitar às pessoas quem são os “ellos” que nos manipulam. Talvez sejam, realmente, só uma idéia. O capitalismo é também idéia, além de uma relação social. Mas se manifesta materialmente, podemos dizer, através das pessoas. Seria bom, da mesma maneira, se pudessemos ver às claras, se nos estivessem à mostra, os “teledirecionadores” pelos quais as pessoas são manipuladas. Imagine em uma manifestação, se pudessemos arrancar dos policiais esses aparatos e tudo ficasse bem. O problema é que os “teledirecionadores” que nos implantam só podem ser arrancados por nós mesmos, não por outros, e não estão à vista.
O criador de “El Eternauta”, o roteirista HGO, tem uma história tão incrível quanto qualquer outra que ele mesmo pudesse escrever. Ao contrário de seus colegas europeus e estadounidenses, o argentino nasceu e fez sua carreira na América Latina, onde a valorização cultural, por parte dos governos, nunca foi o forte. “El Eternauta” teve outras continuações depois de 1957. Fazendo uma relação crítica cada vez maior com a conjuntura político-social da sua época. Como consequencia disso, a imunda milicada argentina (tão imunda quanto a daqui) "despareceu" com suas quatro filhas, seus netos e ele próprio, durante a última ditadura militar no país vizinho. Os netos, mais tarde, foram devolvidos para a esposa de HGO, Elsa Sanchez. O desenhista, Francisco Solano Lopez, descendente do presidente paraguaio de mesmo nome, teve que passar por um exilio na Espanha, devido a atividade política do seu filho.
Por isso tudo, acredito que esta é uma obra que demorou demais para ser conhecida pelo público brasileiro, espero que algum editor tenha a iniciativa de fazer a sua primeira tradução para o português. Talvez isso seja facilitado agora que haverá uma versão de “El Eternauta” para o cinema, com a direção da argentina Lucrécia Martel.
É isso aí.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

OUÇAM NOSSA VOZ

Carta de pedido de solidariedade à Educação Pública.
Nós somos professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental PortoAlegre, localizada em Porto Alegre, Morro Santana, que atendemos 800alunos – em sua grande maioria carentes – de educação infantil àoitava série do ensino fundamental, resolvemos abrir nosso coração edividir com vocês o que muito tem nos incomodado com relação aos (des)caminhos da Educação do RS.Através desse documento, gostaríamos de tornar público nossossentimentos em relação às mudanças que estão sendo veiculadas sobrenosso Plano de Carreira. Essas mudanças, do nosso ponto de vista, nãovisam à melhoria da Educação Pública do RS, e sim, têm o objetivo de transformar a escola em uma empresa. O objetivo de uma empresa é gerarlucros. O objetivo de uma escola pública é gerar cidadãos conscientes,capazes de interferir em suas realidades para transformar o mundo emum local mais fraterno, justo e humano. Isso não pode ser medido comnúmeros e índices de pesquisas.Queremos manifestar nossa indignação não apenas com nossos baixossalários, fato que é bastante conhecido do público em geral. Estamosindignados com a falta de respeito com que somos tratados por estegoverno, representado pela Secretária de Educação do RS e os cargos deconfiança por ela escolhidos. Em reuniões, jornais, televisão, rádio,eventos, etc, somos achincalhados, humilhados, chamados de acomodados,de preguiçosos, de estagnados, somos mostrados como “um peso” noorçamento estadual, nossas aulas são chamadas de “medíocres”, nossaformação é colocada como insuficiente. Em entrevista para a imprensa,a secretária declarou que “merecemos apanhar dos alunos” simplesmentepelo fato de reclamarmos nossos direitos cada vez que sentimos queeles estão sendo atacados e por sermos uma categoria organizada. Háanos lutamos pela Educação, é graças ao nosso esforço – e somente aele – que o Rio Grande do Sul ainda tem os melhores índices deEducação do país.Enquanto o governo corta investimentos em educação, descumprindo a leide aplicar 35% do orçamento do Estado em Educação Pública, nóscontinuamos acreditando no aluno e trabalhando.Nossa escola mantém projetos como: “Navegar é preciso, nas ondas daLíngua Portuguesa”, um projeto interdisciplinar sobre a ReformaOrtográfica. Desde 2000 realizamos a semana da Consciência Negra,sendo agora ampliada para todo o último trimestre. Há anos mantemos oprojeto “Idade Média na História, na Literatura e no cinema”, e “Mitose Heróis Gregos”. Este ano, estamos organizando o projeto “Educandopara a Cidadania”, envolvendo os professores de Ensino Religioso.Temos diversos projetos na Educação Infantil e anos iniciais. Fotos eos projetos na íntegra estão em nosso blog(http://escolaportoalegre.blogspot.com) .Sempre mantivemos reuniões pedagógicas, atendimento aos pais, gincanasculturais e esportivas, passeios culturais e de lazer, palestras eoficinas para a comunidade, entre outras atividades. Investimos naapresentação e auto-estima dos alunos, promovendo recolhimento deroupas e calçados, livros paradidáticos, material escolar. Fazemosquestão de fazer formatura com os alunos da Educação Infantil e daoitava série, celebrando-a como um momento único e um rito de passagemfundamental em nossa escola. Com todo esse trabalho e investimentopessoal do corpo docente, percebemos a mudança de postura de nossosalunos e o seu crescimento como pessoa e cidadão.Não gostaríamos de perder todas essas conquistas históricas e asvitórias que já alcançamos com nossa comunidade. Em nossa escola,temos uma marca muito forte de profissionalismo, compromisso, buscamosformação permanentemente, levamos a sério nossas reuniões e projetos,vemos nosso papel como central na comunidade onde estamos inseridos.Porém, ultimamente, esse sentimento vem mudando...Nosso dia-a-dia temsido tomado por colegas desestimulados, entristecidos, precarizados,buscando advogados para garantir seus direitos mínimos. Nunca ouvimostanto a palavra “exoneração”, “cansaço”, “doença”, “dores”. Há colegasbuscando ânimo até em medicamentos, travando uma luta pessoal contra opróprio desânimo e baixa auto-estima.Pedimos sua ajuda para que esta situação não se torne ainda maisgrave. Queremos ser ouvidos e respeitados, pois a grande maioriapassou pela escola pública como educandos ou como educadores.Pedimos que divulguem esse documento, repassem, deem sugestões, nosajudando a encontrar saídas, lutando ao nosso lado.Entrem em contato conosco pelo e-mail: escolapoa.sos@gmail.comEndereço da Escola: Rua João Dallegrave, número 130 – Morro Santana,Porto Alegre, RS. CEP: 91270-160. fone/fax: 3387-7988ASSINADO: Professores da Escola de Ensino Fundamental Porto Alegre